Na fertilidade tropical
crescem
os muros.
Sobre o asfalto
dançam
duas borboletas amarelas.
Canta a arara
o gato esconde-se
irá chover.
Que comem as pombas
no meio
da estrada?
Como o cigarro
não fumado
aquela mulher.
Limpo o cu
e o mundo
lá continua.
Desconheço o nome
das flores
sei que são belas.
Enquanto os grilos
cantarem
haverá Sol.
Frio e quente
mais real
que bem e mal.
Longe de casa
sufoca no verde
a figueira.
Insecto cromado
que perigos
encerras?
Onde os grilos cantam
o verão
na terra natal.
Ninguém morreu
se os trazemos
nos dias felizes.
É imortal
que nos habita
a saudade.
À uma da tarde
os grilos
a eternidade possível.
Do cemitério abandonado
chega o livro
de Bashô.
Sabes que não é Agosto
quando não conheces
a fruta.
Com tempo e distância
tudo
é nada.
Nada se teme
tanto como
a certeza.
Passa o carro da fruta
que sonhos
na noite passada?
Que fome te leva
a pedir
ò sujo desconhecido.
Cão de praia
que iluminado foste
noutra vida?
Água de coco
o teu sorriso
a distância.
O inferno no paraíso
como luz e escuridão
no universo.
Tentar imortalizar
uma vida desperdiçada -
escrever.
São Paulo, Março 2020
João Bosco da Silva
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