Esse teu Corpo
para T.N.,
Ao meu lado, a distância, agora com um filho e um anel novo
noutro dedo,
Aquela festa de Natal certamente limpa, quase esquecida,
naquela noite
Em que me levou pela mão para um canto escuro no bar e
depois para o táxi,
Onde me fez esperar à entrada de sua casa, ele já não vem
hoje, podes subir,
Nem eu me vim, apesar da tua dedicada devoção a uma gaita
desconhecida,
Nunca tinha imaginado o teu olho do cu sentado na minha
língua de vinho tinto,
Nem o meu caralho insuflado no teu corpo carente, rodeado
pela roupa lavada dele
À espera de ser dobrada, não me vim, contudo, quando saí de
ti, pediste-me
Um longo abraço e foi o único prazer que realmente te dei, agora,
ao meu lado,
És apenas distância, uma noite que mantemos em silêncio, que
tentas esquecer
E por isso sempre no teu olhar, esse teu corpo, que sempre,
apenas teu.
27.09.2020
Turku
João Bosco da Silva