Perfume
Este cheiro a bílis, manchas de cerveja, meias molhadas e
mijo de gato
Em calças com manchas secas de solidão, é o cheiro da humanidade,
Não há animal mais repugnante do que este que vive abismos à
superfície,
Incapaz de aceitar aquilo que realmente é, uma doença
bípede,
Num planeta cansado, mortal como tudo, esculpindo
eternidades
Com a sua ignorância, a erosão de uma rocha ao sol nunca
apestará
Como o hálito de todas as mentiras, toda a vida tem potencial
de peste,
O amor transforma-se em ódio, a beleza em saudades tristes,
Os sonhos num acordar cinzento para mais um dia vazio,
Este cheiro repugnante do centro do universo onde não nascem
estrelas bailarinas.
13.09.2020
Turku
João Bosco da Silva
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