Dançar à Beira de Abismos
Esta dança de palavras, luares e amanheceres adormecidos,
O rio no verão, o apetite que não chega às mãos,
A falta de vontade quando se abrem as pernas do mundo,
A sede nos copos cheios que aquecem, esta dança,
A escuridão ao acordar, o peito que incha, mas para um
Salto no vazio, o silêncio que semeia esquecimentos,
Para que não custe tanto a apneia, esta dança de palavras,
Estes sonhos gelados sacudindo a adolescência como caspa,
A vontade da derrota só para sentir a queda,
E que se foda o mundo, que se foda o mundo,
Que se foda quem ler esta dança de palavras,
Se não tiver mais nada que fazer, olhar abismos,
Na esperança de que quem dança, olhe de volta o espelho
comum.
27.11.2020
Turku
João Bosco da Silva
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