sexta-feira, 19 de março de 2021

 


Vacinas e Dia do Pai

 

Não me lembro ao certo que vacina foi, era verão,

A tinta lascava das paredes do centro de saúde,

Deve ter sido uma das da hepatite B, era noventa e quatro ou cinco,

Tinha ido sozinho, já era um homem grande,

Ao sair do centro o Sol começou a ficar demasiado branco,

A meu pai passa ao mesmo tempo com a carrinha L200,

O som daquele motor aconchega-me até nos sonhos,

Salto para o banco de trás, antes de tudo se apagar,

Naquele verão o meu pequeno braço pareceu

Uma fonte de pus e infeção, mas a vacina era segura,

Como tudo era seguro em mil novecentos e noventa,

Hoje acordei cedo, passado meia-hora estava a levar

A vacina contra o medo do mundo, regresso a casa,

Deito-me porque ainda tinha sono, acordo tarde,

Como sempre, calmamente preparo o pequeno-almoço,

É o dia do pai, por volta das quatro cancelam a mesma vacina,

Até ver, ainda não precisei da L200 para ser salvo.

 

19.03.2021

 

Turku

 

João Bosco da Silva

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