domingo, 4 de julho de 2021

 


Crepusculações

 

Só, eu, o vinho e o longo crepúsculo, é Julho, estou comigo,

Noutros julhos, o vinho refrescado no lago,

Quase sinto a juventude ainda, no horizonte que se pinta

De cor-de-rosa, evaporando-se nas gotas do lago ainda agarradas

Noutra pele, deixa-se passar o tempo, não temos outra alternativa,

Repetimos o que nos abstrai do que duramos,

Puxamos uma rolha, outra, metemos o pouco que somos

Em quem nos aceita e agradece, crepúsculos há e haverá

Depois destas mãos, que aos poucos tomam a cara do número

Que levam, as vinhas terão uvas, haverá quem as colha,

Pés que as pisem e o Sol, até que a sede da humanidade acabe,

Continuará a pôr-se, enquanto o planeta arrefece, esquecido,

Como é natural do que toca a eternidade, que houve quem,

Por um instante, lhe aqueceu o sangue azul com egoísmo.

 

Turku

 

03.07.2021

 

João Bosco da Silva

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