Crepusculações
Só, eu, o vinho e o longo crepúsculo, é Julho, estou comigo,
Noutros julhos, o vinho refrescado no lago,
Quase sinto a juventude ainda, no horizonte que se pinta
De cor-de-rosa, evaporando-se nas gotas do lago ainda agarradas
Noutra pele, deixa-se passar o tempo, não temos outra
alternativa,
Repetimos o que nos abstrai do que duramos,
Puxamos uma rolha, outra, metemos o pouco que somos
Em quem nos aceita e agradece, crepúsculos há e haverá
Depois destas mãos, que aos poucos tomam a cara do número
Que levam, as vinhas terão uvas, haverá quem as colha,
Pés que as pisem e o Sol, até que a sede da humanidade
acabe,
Continuará a pôr-se, enquanto o planeta arrefece, esquecido,
Como é natural do que toca a eternidade, que houve quem,
Por um instante, lhe aqueceu o sangue azul com egoísmo.
Turku
03.07.2021
João Bosco da Silva
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