Chablis
E se um dia nos encontrássemos em Chablis, na maresia pura
De um copo de Chardonnay, poder-me-ias contar as tuas aventuras
À Anna Karenina do sul, nessa tua capital do nosso país,
Eu poderia falar-te da minha fixação anal e do aperto que me
acompanha
Nos intermináveis outonos nórdicos, que faríamos nos dias
cinzentos
Enquanto as vinhas esperam a luz que lhes amadurecerá os
bagos,
Levaríamos baguetes ao quarto de hotel, garrafas em cestos
de vime,
Representaríamos o papel que tantas vezes sonhámos na
capital francesa,
Faríamos amor em direção ao desencanto, imitando as garrafas
vazias
Que acumulamos num canto, ao lado do coração,
confessaríamos
Um ao outro como durante décadas o fizemos, o que nos leva
ao desencanto,
O que cedemos ao desejo, um dia, se calhar noutra vida, em
Chablis.
15.11.2021
Turku
João Bosco da Silva
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