Saudação a Anthony Bourdain
Aqui estou, sentado neste sofá duvidoso,
Num quarto de hotel barato no centro de Helsínquia,
Com vista para os caixotes do lixo,
Com o primeiro livro do Anthony Bourdain
Como companhia, invariavelmente só, cansado
Como só eu ao acordar, esperando nada mais que
A amostra repetitiva de um bom momento,
A voz de um amigo, que a distância do tempo,
Da vida, torna cada vez mais num estranho,
Só quem parte definitivamente permanece, imutável,
Puro, como as ilusões que ainda vivem em nós,
O telefone toca, está na hora de me levantar deste sofá,
Sacudir as calças, deitar um olhar ao jovem Anthony Bourdain
Eterno na capa do livro, como quem diz um, até já.
Helsínquia
31/07/2023
João Bosco da Silva
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