Rantasalmi Express
Lembro-me daquela viagem de autocarro,
De Rantasalmi a Savonlinna, depois do trabalho
E de umas cervejas no Kalle-Kustaa,
Lembro-me das suas pupilas dilatadas
Naqueles olhos gigantescos de anime,
No ar uma vontade obvia e silenciosa,
Só a ausência do impulso que empurra ao salto
Tornou aquele momento eterno,
Deixando-o naquele autocarro à beira do abismo,
Hoje passados quinze anos, ela confessa-me
Que tinha um pequeno fraquinho por mim,
Quão pequeno, pergunto-lhe, ao que responde,
Pequeno, tão pequeno que molhei as cuecas,
Não o disse na altura, porque eu diria que não acreditava
E ela teria que me desafiar a comprová-lo,
Se o tivesse feito, hoje, passados quinze anos,
Seria um nome que certamente já me teria esquecido.
Torre de Dona Chama
23/08/2023
João Bosco da Silva
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