quinta-feira, 14 de setembro de 2023

 

Rantasalmi Express

 

Lembro-me daquela viagem de autocarro,

De Rantasalmi a Savonlinna, depois do trabalho

E de umas cervejas no Kalle-Kustaa,

Lembro-me das suas pupilas dilatadas

Naqueles olhos gigantescos de anime,

No ar uma vontade obvia e silenciosa,

Só a ausência do impulso que empurra ao salto

Tornou aquele momento eterno,

Deixando-o naquele autocarro à beira do abismo,

Hoje passados quinze anos, ela confessa-me

Que tinha um pequeno fraquinho por mim,

Quão pequeno, pergunto-lhe, ao que responde,

Pequeno, tão pequeno que molhei as cuecas,

Não o disse na altura, porque eu diria que não acreditava

E ela teria que me desafiar a comprová-lo,

Se o tivesse feito, hoje, passados quinze anos,

Seria um nome que certamente já me teria esquecido.

 

Torre de Dona Chama

 

23/08/2023

 

João Bosco da Silva

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