Regresso ao Parque Ueno
Regressa-se sempre pela primeira vez,
O lugar que trouxeste dentro, todos aqueles anos,
Era somente teu, quase tanto quanto um sonho,
Mais ou menos uma ideia, a posição do pinheiro
Contorcionista, mas os detalhes, tão distintos,
Que terá acontecido à ilusão da memória,
O corpo que traz o lugar também outro,
Folhas caídas que há muito pó,
Amores que definitivamente morreram,
Agora, também na memória, um passeio solitário
No mesmo parque, alguém que tudo era
E que nunca foi, as recordações fragmentadas
Preenchidas com o que os sentidos vão agarrando
São as ruínas que nos são, se a estação fosse diferente,
Mas a luz do dia a mesma, os olhos, onde este Outono
Se despede, esses é que se calhar são outros.
Tóquio
20/11/2023
João Bosco da Silva
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