Matéria Onírica
Lentamente se dissipa o nevoeiro,
Os sonhos tornam-se mais claros,
Apenas sonhos, em que tento ver
Se também as coisas neles,
São feitas das mesmas partículas
Do mundo real e se o são então
Quão real realmente o real é,
Se o sonho mostra a mesma clareza,
Uma cidade inteira, ruas que nunca vi,
Arranco um cartaz colado a um edifício
Que o meu cérebro construiu,
Com uma arquitectura clara,
Uma pintura perfeita, numa parede rugosa,
Rasgo o papel, e no rasgo os mesmos filamentos,
A fibra da pasta, pudesse eu ver
Microscopicamente e talvez,
Moléculas, átomos, num mundo onírico,
Sei que é um sonho, exploro a sua
Natureza, com a pressa de uma primeira vez
Que se sabe também última,
Aceito beijos sem remorsos, agarro tudo,
Em breve sairei deste sonho para outro.
02/01/2025
Turku
João Bosco da Silva