Todas Aquelas Noites
Todas aquelas noites, roubadas ao Inverno sombrio, trazidas na impossibilidade
De um bolso de recordações, para despejar em lareiras anónimas, e quase
Os teus olhos, quando os meus fechados e o oscilar das chamas, Verão dentro,
Em curvas isoladas de estradas desertas, com a tua mãe a acreditar que café,
Mas só natas, vamos ser sinceros, que só natas e promessas oferecidas
Sem terem sido esperadas, enquanto as luzes passam sem existirem, afogados
Ambos na escuridão eufórica dos corpos quentes, até que o tempo te diluiu
Naquela menina, lembras-te, aquela que foi antes de tu seres e que se deixou ficar
Para tu continuares, algures em ti vi uma ruína dessa inocência, mas segredavas
À almofada suada, que gostas que te fodam assim, cara contra a parede,
Num abraço anónimo, uma confusão de carne e lençóis num quarto pequeno,
De uma cidade temperada com peste miséria fome rios turvos e pontes desmaiadas,
Uma tontura em forma de orgasmo enquanto me obrigavas a manter os olhos
Castanhos, procurando não sei que verdade, entre os teus dentes cerrados
Por convulsões e não me peças outra verdade além do orgasmo, fui sincero
E nunca olhei para trás depois de teres fechado a porta, aqueci o silêncio
E comi a solidão reconfortante do corpo que arrefece de outro corpo.
10.11.2011
Turku
João Bosco da Silva
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