Orgasmos Numa Ilha
Em ondas a tua carne cuspia-me com um nojo inverso ao teu desejo
Enquanto a janela deixava entrar a maresia e denunciava a presença
Do teu êxtase aos vizinhos que já acordavam numa madrugada de Sul
Sol, suor e sal e a minha vontade uma fúria cega contra a morte,
Como se cada orgasmo teu uma pequena vitória contra o vazio,
A minha pele embebida em ti, o teu cheiro a abrir as portas dos meus poros
E a chamar-lhes casa, o teu nome escrito nas paredes, mas o quarto escuro
E eu digo-te que isto, não passa de sexo, mas tu mal conseguias pedir
O adiamento da verdade, já me cuspias mais uma vez de ti,
Num rebentamento de ondas, espuma, areia e o copo de vodka vazio
Ao luar na varanda que espera os nossos cigarros, o nosso silêncio
Constrangedor, por uma quase vergonha, possuímo-nos um ao outro
Como se fosse possível mastigar o corpo vivo, no entanto, longe,
Alguém esperava por nós, por ti para te fazer esposa, por mim
Para me domar a poesia escrita com esperma, pele e violência
Consentida, mas até lá mergulho mais uma vez nos teus suspiros,
Na tua sinceridade sem palavras, escrita com unhas, orgasmos numa ilha.
13.01.2012
Turku
João Bosco da Silva
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