sábado, 14 de janeiro de 2012


Orgasmos Numa Ilha



Em ondas a tua carne cuspia-me com um nojo inverso ao teu desejo

Enquanto a janela deixava entrar a maresia e denunciava a presença

Do teu êxtase aos vizinhos que já acordavam numa madrugada de Sul

Sol, suor e sal e a minha vontade uma fúria cega contra a morte,

Como se cada orgasmo teu uma pequena vitória contra o vazio,

A minha pele embebida em ti, o teu cheiro a abrir as portas dos meus poros

E a chamar-lhes casa, o teu nome escrito nas paredes, mas o quarto escuro

E eu digo-te que isto, não passa de sexo, mas tu mal conseguias pedir

O adiamento da verdade, já me cuspias mais uma vez de ti,

Num rebentamento de ondas, espuma, areia e o copo de vodka vazio

Ao luar na varanda que espera os nossos cigarros, o nosso silêncio

Constrangedor, por uma quase vergonha, possuímo-nos um ao outro

Como se fosse possível mastigar o corpo vivo, no entanto, longe,

Alguém esperava por nós, por ti para te fazer esposa, por mim

Para me domar a poesia escrita com esperma, pele e violência

Consentida, mas até lá mergulho mais uma vez nos teus suspiros,

Na tua sinceridade sem palavras, escrita com unhas, orgasmos numa ilha.



13.01.2012



Turku



João Bosco da Silva

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