Esperar Por Andorinhas No Inverno
O leão já não caça, deita-se debaixo de uma acácia e espera que os turistas lhe tirem fotos
Por dólares, às tantas olha para o relógio de pulso, não vá ser já tarde, é que aos Sábados
As zebras fecham a mercearia mais cedo. As cobras contam com o medo e o respeito
Pelo seu trabalho de bode expiatório de tanto crente no vazio, aceitam, estóicas,
O fardo que lhe puseram aos ombros, um dia ombros, antes do pecado original.
Os burros cagam no frio para inglês ver, enquanto escondem um maço de tabaco
E um isqueiro bic, dentro das orelhas e deitam olhares que tentam ser inocentes
Mas só sai uma ingenuidade forçada. A autenticidade mora na paciência temperamental
Dos elefantes, que toleram tudo, desde que lhes paguem silêncio suficiente e até
Trocam vegetação e água, por sangue e leite se o senhor Benjamim lhes fizer cara séria.
Ao chegar a noite até os babuínos conhecem o Cristiano Ronaldo e confessam-se
Descontentes por ele ter deixado o Manchester, mantêm-se actualizados pelas estrelas,
Sabem que Portugal não é só Pessoa, também Mourinho, com cara de poucos amigos
No multibanco do Norteshopping a caminho das estrelas. Ainda falam dos que sonham
Com andorinhas no Inverno, esses que esperam que abra a caça à rola, se tiverem muitas
Vacas e cabras até o rei Salomão é chamado ao barulho para as trocas por mulheres,
É que o gajo sempre foi bom nas divisões, mas acaba-se sempre por perder nas conversões
Calculadas com paus na terra poeirenta. As osgas trazem notícias de longe enquanto
Se espera pelo jantar, uma cerveja e alguma luz para atrair os insectos que a insónia
Acumula no cansaço do fascínio do papel humedecido pelo suor de pouco trabalho.
21.02.2012
Samburu
João Bosco da Silva
O leão já não caça, deita-se debaixo de uma acácia e espera que os turistas lhe tirem fotos
Por dólares, às tantas olha para o relógio de pulso, não vá ser já tarde, é que aos Sábados
As zebras fecham a mercearia mais cedo. As cobras contam com o medo e o respeito
Pelo seu trabalho de bode expiatório de tanto crente no vazio, aceitam, estóicas,
O fardo que lhe puseram aos ombros, um dia ombros, antes do pecado original.
Os burros cagam no frio para inglês ver, enquanto escondem um maço de tabaco
E um isqueiro bic, dentro das orelhas e deitam olhares que tentam ser inocentes
Mas só sai uma ingenuidade forçada. A autenticidade mora na paciência temperamental
Dos elefantes, que toleram tudo, desde que lhes paguem silêncio suficiente e até
Trocam vegetação e água, por sangue e leite se o senhor Benjamim lhes fizer cara séria.
Ao chegar a noite até os babuínos conhecem o Cristiano Ronaldo e confessam-se
Descontentes por ele ter deixado o Manchester, mantêm-se actualizados pelas estrelas,
Sabem que Portugal não é só Pessoa, também Mourinho, com cara de poucos amigos
No multibanco do Norteshopping a caminho das estrelas. Ainda falam dos que sonham
Com andorinhas no Inverno, esses que esperam que abra a caça à rola, se tiverem muitas
Vacas e cabras até o rei Salomão é chamado ao barulho para as trocas por mulheres,
É que o gajo sempre foi bom nas divisões, mas acaba-se sempre por perder nas conversões
Calculadas com paus na terra poeirenta. As osgas trazem notícias de longe enquanto
Se espera pelo jantar, uma cerveja e alguma luz para atrair os insectos que a insónia
Acumula no cansaço do fascínio do papel humedecido pelo suor de pouco trabalho.
21.02.2012
Samburu
João Bosco da Silva
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