terça-feira, 28 de fevereiro de 2012



Safari Cola

O pó parece ter levado o peso dos anos, o céu está mais próximo, já se sabe
Que cada vez mais próximo e a pele parece beber a chuva pesada, os grilos
De Agosto já tocam e o Safari Cola das primeiras noites adolescentes nunca
Terá o mesmo sabor. Ao longe a cidade acende-se ao ritmo do Sol que se apaga
E entretanto os leões digerem a carne da vergonha dos dias, a gente rumina
As almas cansadas de tédio e canícula. Debaixo de uma árvore escreve numa
Peça de cadáver um que hoje se sente vivo e parece tão perto o lameiro do avô,
A macieira sofreu uma mutação, mudou o nome latim, o país e adoptou
Outros insectos como companheiros. Hoje na exaustão, a vida vale a pena,
Com ou sem alma e a poesia é uma tentativa gasta de a fazer sentir no vazio
De umas linhas escurecidas pelo horizonte que ainda se engasga com o Sol.

22.02.2012

Nakuru

João Bosco da Silva

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