quarta-feira, 14 de março de 2012


Poema De Merda


Às vezes sento-me e puxo mais um poema, na sanita, mas cabo por ser eu

A cair na nostalgia, todo aquele esperma desperdiçado dentro da ilusão

Quente, todas as palavras lançadas ao vazio e o esperma a secar dentro

Cristalizando-se em cabelos brancos e cansaço, desencanto, reflexões

De papel higiénico, as lágrimas apagadas no duche, porque não é que

Os homens não chorem, é que os homens não gostam de ser vistos

Em desperdícios necessários, por isso tranco a porta e sento-me

Na companhia de um quase silêncio de canalizações, os vizinhos

Existem numa descarga de autoclismo, uma torneira abre-se

E lá se vão umas palavras lavadas com sabão nos olhos, os dedos

Sujos com tanta desconhecida mais cedo ou mais tarde, antes e depois,

Mas é como a vida, só se tem enquanto se tem, só se sentem enquanto

Se sentem e acredito mais nos dedos, na pele, que no coração, mesmo

Que inocente e pele também cérebro, que forço na esperança de

Um poema que alivie a frustração de tudo ser para nada, tudo uma cagada

Resumida no momento em que confronto o espelho, sempre o mesmo

Olhar, que fizeste de ti, e a resposta um arreganhar de dentes amarelecidos

Lançando a culpa aos anos digeridos à troca de durar, para isto “SPLASH”


14.03.2012


Turku


João Bosco Da Silva


1 comentário:

  1. bem o fb e o blogger estão contra mim. é a segunda vez que escrevo este comentário, foda-se. precisava de falar contigo, pedir-te um "conselho literário" (mais uma vez, que merda de expressão).

    Cristalizando-se em cabelos brancos e cansaço

    p.s és um velho que escreve bem como o raio*

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