Morfeu Mete
Baixa
Fazei o
favor de me deixar fora dos vossos sonhos, estou ao alcance dos olhos
Abertos, sou
vulnerável a sorrisos e admiro a vontade sem preguiça, que tem pernas
E voa, os
sonhos são lugar para impossíveis e a morte é algo que me torna bastante real,
Mas não
esperem por ela, depois sim, sonhem, ressuscitem o que não sou, nem fui, nem
serei,
O que sou em
cada um de vós, eu de olhos fechados, todos de olhos fechados,
A única
diferença eu a adubar a terra com o estrume dentro do meu crânio
E vós a
humedecer em lençóis, inutilmente, lubrificação de vazios para nada, por nada.
Não quero
estar onde não estou, não estou, eu sou aqui, isto, cada vez mais menos,
Gosto que
inspirem fundo no meu pescoço, não gosto de expirações nas costas,
E suspiros,
só quando entro, não quando saio, gosto dos meus dentes na palidez
De um grito
imediato, gosto do sabor do sumo dos vossos sonhos, de pupilas bem dilatadas,
Mesmo se
luz, mas não me sonhem, se é só para ir andando, até eu estar longe
Do dos
sonhos, longe da frustração que me revolta, não ser eu antes um fantasma,
Agora esta
carne sempre faminta, fertilizante de ilusões incompreensíveis, que se acordam.
Deixai-me
tornar eternidade, o amor para sempre das histórias terminadas no início,
A maçã podre
que as serpentes não querem vender, os beijos que ficarão na cobardia.
06.05.2012
Turku
João Bosco
da Silva
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