Marco Quilométrico
Expõem orgulhosamente nas varandas a arte da sua limpeza,
tudo tão amarelo como o branco
Possível, às páginas tantas, parece sentir-se o cheiro a
algo real, mas numa inalação mais apurada,
Não passam de palavras secas ao sol, até as moscas zombam da
consistência de tais emoções,
Sentam-se com o tamanho dos seus óculos a ser o currículo
daquilo que não viram além de umas
Páginas áridas, medidas e desmedidas até à exaustão da alma,
sentam-se sobre as sombras que nunca
Reconheceram, feitos de luz, dizem, nós, donos da
quilometragem entediante, da hipnose
Para a foda de misericórdia, porque eu sou as palavras que
crio dentro, eu por outro lado, por dentro
Crio merda, esperma e um golden shower vitaminado para quem
quiser fortalecer os sentidos
Da pele, aborrecida de tanto esperma cáustico e gorduroso,
nem uma cerveja sabem beber, tão
Concentrados nas suas queimaduras interiores, imagino as
sanitas deles cheias de papéis amassados,
De saliva frustrada, empurrando clisteres e engolindo
laxantes em busca de uma depuração, lixívia,
Para os versos que sinceramente, preferia com uma
coloniazita, algo que me desse ao menos uma caganeira,
Não só nojo de sebo e sebentas, ursos pelados a tentar
vender o seu salmão, só espinhas, porque
Nunca o engordaram, nunca o deixaram engordar, já que só as
lentes comem e comem e engordam.
Coimbra
28.05.2013
João Bosco da Silva
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