Discurso Enquanto Mosquitos Chupam
Da injustiça incoerente diz-se que é o que temos, pela dos
nossos padres, eramos todos,
Literalmente, ovelhas vestidas de freiras com o rabo alçado,
tudo o resto é pecado,
O que está fora do alcance dos seus bolsos e braguilha, na
verdade somos vacas
Num matadouro, prontas a enriquecer uma multinacional e
engordar muitos burros de morte,
Falta harmonia neste estrume, traçam-se linhas rectas sobre
o horizonte recortado pelo tempo
E espera-se com isso tornar tudo mais habitável, mais
controlado na verdade, ilusão,
Tudo é à imagem e semelhança do dinheiro, um geometria para
olhos brutos, cegos pelo
Brilho frio do ouro, daltónicos para as cores da geometria
divina das coisas pequenas,
Conseguirão compreender com a sua visão moldada em forma de
cruz e claustro, por cá,
Desiste-se da montanha a meio, divinizam-se as putas e
elevam-se os verdadeiros ladrões,
Falta canonizar os assassinos imunes e indiferentes às fomes
que espalham pelas vidas,
Cada vez menos livres, cada vez menos livros, cresce a
estupidificação em massa,
Vestida de loiro artificial, mamas de revelação rápida e pernas
de abertura fácil, tudo com
O software de um tamagotchi, somos quadrados e agudos,
confundimos depressão com
Profundidade, reflexão com preguiça, anémico com anímico,
inúteis pedantes cheios de
Certezas válidas apenas nas próprias loucuras mal diagnosticadas,
no tabuleiro pessoal
Do Monopoly, somos o país do Sol, onde se é sombrio todo o
ano, o escroto estéril da Europa,
Ainda cheio de si e das recordações de fertilidades antigas,
aqui fode-se por número e por
Submissão, por favor a favores, não se espera o orgasmo como
recompensa, mas que seja
Breve e que venha rápido o que se espera das calças aos pés
da cama, sempre com um saldo
Ridículo e humilhante na tolerância às papilas gustativas e
olhares frontais, capital dos sorrisos
Amarelos, das amizades da pança cheia e dos cornos afiados
de perto, dos olhares de esguelha
Em direcção ao lado da braguilha, se fosse alguém, queria
ser norueguês e descobrir o Novo Mundo.
11.10.2013-15.10.2013
Torre de Dona Chama – Coimbra
João Bosco da Silva
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