Senhora Professora Eu Confesso II
Podia estar a foder uma professora, ou a escrever um poema
sobre uma professora que fodi,
Sob o efeito de muito sake, mas já não há nada para aprender
a estas horas, nem para ensinar,
A grade de cervejas, alguém se esqueceu de a levar de volta
ao café, não fui em quem a pediu,
A escola agora está vigiada, tem porteiro, a cama tem os
lençóis frios, e de manhã espera
O meu corpo cansado para a aquecer, o sake agora só com a
desculpa de um sashimi duvidoso,
Vai-se às peixeiras do Bolhão comprar salmão fresco da
Noruega, tão longe, tudo deixa
De ser o que se diz que se é, até as tatuagens perdem a cor,
as cobras tornam-se em manchas
Estranhas em ombros que um dia tiveram a nossa saliva a
secar e o nosso esperma, salpicado,
A cristalizar sob o céu estrelado do Inverno que sem
promessas tudo torna escorregadio,
Houve uma professora nas pradarias africanas, onde o céu
queima poetas com a mesma
Inocência com que os poetas fodem, a mesma curiosidade do
primeiro beijo, não há desculpa
Para aquela escavadeira a enferrujar onde os elefantes fodem
em Samburu, mas fica a dúvida
Da chuva, os pneus também temem uma vergonha, não agora, as
professoras dormem,
Ou engolem alguém mais ou melhor, não interessa, tudo passa
e até os dedos perdem o cheiro
Do sashimi que se cortou mal, quase um dedo, tal é a
virgindade de cada poema,
A porta do carro já não se abre para ela gritar, armada em
lobisomem com uma piça bêbada
À procura de um aleitamento outonal, dizem que um ficou
doente e teve filhos, o outro
Continua a engordar e a sonhar com iguanas entre garrafas de
mini, tornou-se político,
Ou besta de carga, como todos no fim de contas, neste país
de puxar burros gordos
Pelas mentiras e promessas ridículas fora, não há
professoras, a não ser as amigas,
Agora também essas não fazem mais nada a não ser fazerem de
esposas responsáveis,
Há quem tenha sorte tendo apostado tudo antes do river, até
as garrafas deles estão cheias,
Não compreendo, mas é mesmo por isso que continuo a
escrever, sobre professoras e assim.
26-10-2013
Coimbra
João Bosco da Silva
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