Todos Os Gatos
O gato está vivo ou morto, morto e vivo antes de se abrir a
caixa, nunca morto-vivo,
Livre arbítrio, dizem, quando a escolha neste universo terá
que ser a que foi feita, será feita,
Ou o universo seria outro e não este, o corte no dedo como
tinha que ser e não a lâmina
Ao lado da dor e do sangue, os nascimentos e os tiros no
escuro assassinos de nadas,
Toda a sorte e o infeliz azar, irmãos prováveis, copo meio
cheio e meio vazio e a cicuta a descer,
Sempre tão mal recebidos os infortúnios, só há coisas que
merecem um, só a mim, quando
Afinal, tudo a quem tinha que ser, um espelho contra
espelho, com infinitos reflexos, todos
Diferentes, um corredor do comprimento que atribuem a deus,
no entanto o nada é
Proporcional a tudo e a música é tão maior do que a
distância física que de olhos fechados
Por dentro percorremos com pernas de ilusão, uma viagem sem
se sair do mesmo crânio,
O gato roça na perna, tem fome, está vivo, aqui, mesmo não
estando, o resto são gatos
E não gatos, vivos e mortos, numa dependência de olhos para
decidir em que paralelo.
24-04-2014
Turku
João Bosco da Silva
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