Vejo Gente
“weirdness feeds on
itself”
Hunter S. Thompson, Screwjack
“Spilled your fat looks
Smoked out cow pokes
Sequinned mountain
ladies
I love you all”
Frank
Vejo gente com hormonas a saltitar, com os filhos dos outros,
armados em fofinhos,
Eu coleciono latas vazias, livros lidos, quase novos, quem
quiser comprar, levam o
Meu nome e data de compra, tudo literatura de urinol, abre
olhos, no pior dos
Casos conjuntivite por clamídia, a gente também podia ser
mais limpa, não digo
A nível de moral, mas pelo menos, menos hipócritas, limpos
em assumir aquilo que
Querem e são, de cá, parece tudo melhor e pior, quem veste é
pago para parecer bem,
Como quem lê para agradar ou espera um lambidela nos tomates
ou no grelo,
Eu espero o Inverno e sei que será fodido, como é sempre,
mas também o Jim
Era fodido e passou, ainda há ecos, claro, e pés frios, mas
nada que a solidão
Não aqueça no desespero dos cabelos brancos e nas lágrimas
desperdiçadas
Porque se julgou que era a hora, a última hora e agora é
esperar para ver,
Vejo gente com o pito aos saltos, com bebés alheios no colo,
esperando piças,
Esperando mamar leitinho quente do amor dos outros, porque
sabe sempre tão bem,
Chupar no amor alheio e sair ileso, apenas com a marca
de um pecado e uma
Consciência lavável à máquina, até ao micro-ondas pode ir,
em caso de alergia
A roupa interior arrefecida na varanda, também escreves
poesia, pergunto,
Andaste a aprender demasiado com outros, esquece tudo,
compra um tractor
E deixa-o abandonado contra uma acácia numa reserva qualquer
para turistas
Lá para os lados do Quénia, alguns verão aquilo como uma
lição de surrealismo,
Tu se fores eu, verás aquilo como um dedo no cu, uma lição
de decadência,
De vida, se fores eu, ficará marcado na tua alma como aquela tarde
Pelo Chiado e barracas, quando eras novidade, torga fresca,
arrancada do
Gelo nórdico na esperança de olhos e menos subordinação às
raízes apodrecidas
Pelo amor ao caruncho e fungos amantes da humidade sem uso,
Isto é isto, e eu amo-vos a todos, como diria eu se fosse
cantor e louco,
Mas não posso, tenho vidas todos os dias além da minha e sem
saberem,
Agradecem a minha lucidez e a minha sublimação sem arte
nenhuma. Amén.
07.10.2014
Turku
João Bosco da Silva
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