Este país cansa-me até aos ossos, esfarela-me a paciência,
eu que esperava
De ti um país limpo e honesto, com menos promessas e mais
respeito,
Menos barulho e mais coragem, em vez de demasiado joelho no
chão
E nariz empinado cirurgicamente, tanta fartura e tanta fome
na pele,
Falam sozinhos, ou com os paralelos, olham bolsos, depois
virilhas,
Às vezes só mesmo os pés, só há olhos no umbigo, há sempre
um mal estar,
Ou um calor fora de época, ou um frio húmido que cria bolor
na alma,
Esta gente sem espelhos sempre tão convencida da importância
da sua opinião,
Tanto pombo à espera de migalhas e gaivotas prontas a
roubar-te a comida do prato,
A boa vontade é um fraqueza nesta terra de chicos espertos,
parasitas,
Não há sossego sequer num banco de jardim à sombra, nem um
sorriso gratuito,
Nem uma mão aberta que não espera algo em troca, o punho
sempre pronto,
Este país com a sua guerra civil fria, servida com sorrisos amarelos
E camuflada com boas maneiras à moda colonialista para
inglês ver.
Lisboa (Conde de Redondo)
17.04.2015
João Bosco da Silva
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