“3:16 e …” Versão De Um Poema De Bukowski
Aquelas músicas que não chegam lá, já não chegam lá, como se
o caminho
Se tivesse tornado mais longo, até às cordas, ou a parede
ficou mais espessa,
E não tenho sono de tarde, não é sono o que tenho sempre,
E não é que esteja melhor a dormir, ou com a luz apagada
concentrado
Apenas no som que não chega lá, já não, mas acaba-se mais
Facilmente, parece que o que vibrava dentro está
Agora como as asas das moscas presas entre os vidros das
janelas,
Agora que o verão se foi e já se varreram os copos de
plástico
E o fígado cicatrizou de todas as madrugadas que se
engoliram
Em músicas que já não chegam lá, perdem a força pelo caminho
Que se percorreu em direção à aniquilação, ainda não se
chegou,
Engulo o sol possível de um copo nórdico fabricado na França
E lembro-me da morte lenta de Bukowski e na sorte que ele
teve no azar,
Para quem não tentava, trabalhou bem o seu caminho até à
imortalidade,
Agora, 03:16 e nem mais um segundo, sem sono, ouço mais uma
vez
A mesma música na esperança de acordar as moscas de outros
verões.
29.10.2015
Turku
João Bosco da Silva
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