O Esquecimento Entre Dois Sonos
“Existence – well, what
does it matter?
I´ve existed for the
best use I can
The past is now part of
my future
The presente is well
out of hand.”
Ian Curtis
Quem levou os teus verdadeiros sonhos, foram os anos que
somaste
E não os vês em mais nenhum lado a não ser no espelho e nos
calendários inúteis,
Os outros foram-te injectando novos sonhos, não enquanto
dormias,
Hoje a casa debruçada sobre a vinha íngreme no monte, longe,
vazia,
As portas escancaradas, as janelas sem vidros, as cortinas
bandeiras de um país
Conquistado pelo esquecimento ao vento, e todos os livros
que se queriam
Ter lido, por ler, também esses foram sido substituídos por
adiamentos
Intermináveis, por interrupções de tropeço, a casa uma ruína
antes de ser construída
Fora da fábrica dos dias, agora comes os sonhos estranhos,
vestes-te de ilusão
E invejam as conquistas pelas quais não lutaste nos dias
vazios, os dias vieram
E trouxeram o que quiseram, todas as victórias postiças,
aceitaste-as como
Uma medalha que não mereceste, enquanto os sonhos originais
e pequenos
Amareleceram, caíram e foram levados pelo esquecimento, ou
porque cresceste,
Hoje, longe, desejas tudo menos aquele olhar que te matava e
se tornou inócuo,
Invisível, como tu, desejas o mundo nas mãos cheias que se
diluem no excesso
De perdição, sobes alto, cada vez mais alto, mas lá em cima
há cada vez menos,
E não está lá ninguém, ninguém que interesse e é só altura,
como tempo somado,
E os olhos são cada vez mais insuficientes para lembrar os
sonhos originais,
Ela também te esqueceu e a sombra do castanheiro centenário
só te toca nas
Pálpebras nos dias mais pesados e saturados de todas as
vozes que nunca convidaste
A entrar e te convencem que queres, que deves, que és e cada
vez menos és tu.
28.10.2015
Turku
João Bosco da Silva
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