Cafés Dos Verões Abandonados
No fim, acabamos como aqueles cafés abandonados perto das
pontes das estradas nacionais,
Com as janelas partidas, as portas arrancadas, um cemitério
de cagalhões sepultados com
Pouco papel, umas cuecas, moscas secas presas a teias
abandonadas, onde ecoam verões
Esquecidos nas paredes cobertas de poesia como muita e
outras declarações desvanecidas,
Memórias de gritos de alegria e salpicos inocentes, malas
térmicas infinitas, os primeiros
E últimos engates, as amizades que por preguiça se deixaram
ficar a secar ao sol até que delas
Só o pó e a esmola de uma recordação, aqueles cafés pelas
tardes adentro e madrugadas fora
Em tempos de outras inocências perdidas, agora como um
preservativo usado e seco
Pelo sol e geadas, o coração vazio, onde ecoam os verões de
peito cheio, no fim esperamos
Apenas a companhia de um alívio mundano, numa pressa seca,
uma sacudidela, um espasmo
Que assuste os fantasmas dos dias que se apagaram todos na
noite que se traz dentro.
23.11.2015
Turku
João Bosco da Silva
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