Cerveja Como A Luz Dos Dias Escuros
Abro mais uma cerveja com a mesma convicção com que acordo
em mais um dia,
Só a sede é diferente, hoje se não fosse terem-se acabado,
nem saia de casa,
O mundo está cada vez mais perigoso e se os olhos com que te
cruzas não te metem
Medo, olham-te com medo, ninguém sorri a um desconhecido,
parece que
A verdade está na ponta dos pés que aceleram o passo para se
fecharem atrás
De uma casa recheada de engana solidões, leio mais um poema
do Bukowski,
Sobre postais, mas na verdade é sobre nos prendermos a alguém
ao longo
Do tempo, mesmo que não haja nada em comum, a não ser um
momento
Que acabou e por vezes, como no caso, só vive num, daí eu me
lembrar do andar,
E ela dos dentes, de eu me lembrar da dor no meu lábio por
causa dos seus dentes
Que hoje não reconheceria mais, e nunca desejei encontrá-la
noutra vida que não nesta,
Que a cada dia que passa se mostra cada vez mais incerta e
frágil,
Ganhei o meu inferno católico com os delitos que me fizeram
a vida valer a pena,
É pior de suportar o que ficou por fazer, ver os teus olhos
perdidos por mim, por exemplo,
Agora, abro outra cerveja, já chegou a vida arrefecer, o
latejar dos teus dentes
Ter-se tornado numa imagem, tu toda uns dentes, que hoje não
reconheceria,
Nem que me sorrisses sem medo e me reconhecesses entre os
escombros que hoje sou.
16.11.2015
Turku
João Bosco da Silva
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