Abril
Abril sempre foi um mês difícil, dedos à procura de carne
nos cemitérios à noite,
Ela a dizer que sangue, enquanto noutras noites, ainda com o
cheiro fresco,
Carros partem para o anal com gosto e um fica a ler mensagens
a dizer que
Preferia que fosses tu, em Abril procura-se nas madrugadas o
perfume que partiu
Naquela bicicleta com o ondular do vestido em despedida,
mais cinzento que
Qualquer mar em Novembro, o Sol brilha mas não aquece, a
água está fria,
Contudo às quartas-feiras à tarde vai-se até ao rio na
esperança de umas cuecas molhadas
E uns soutiens de Domingo, Abril sempre obrigou à poesia, os
poemas florescidos
E outras revoluções menos violentas, o gelo é perigoso na
despedida em Abril
E a sede de carne torna-se pesada no ar poeirento, cada
música é uma exumação
No coração, há um moribundo a cada batida, um morto com cara
de saudade incurável,
Abril é um mês fodido como a certeza da última foda com quem
se amou sem se saber,
É quando a neve revela o que Inverno escondia na escuridão
fria, as saudades.
Turku
13-04-2046
João Bosco da Silva
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