Agosto
“Quanto mais longe vou,
mais perto fico
De ti, berço infeliz
onde nasci.”
Miguel Torga
Quase que chega Agosto, o mês da fome farta e da loucura
E sei de cor as curvas que se desenrolam Marão acima
E o pé que falha no rio passado da infância,
Só a sinfonia dos insectos à noite, continua indecifrável
Como as companhias cintilantes que da distância impossível
Nos visitam, do horizonte virão suspiros e pestilência,
Um Sol velado e uma Lua vermelha e mais um pedaço de pulmão
Que se calcina, nas ruas estreitas um cão novo que nos ladra
E um olá antigo que será um adeus e nem se sabe,
Os figos serão as estrelas da canícula e as folhas da
figueira
A companhia fiel e silenciosa que guarda nas nervuras
Todos os segredos que o corpo repousado lhe conta em
silêncio,
Quase que chega Agosto e todos os regressos tão breves
Que mal se chega e logo alguém pergunta quando é a partida.
27.07.2016
Turku
João Bosco da Silva
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