Inverno
É difícil escrever de portas fechadas, afogado em certezas
de pó
E razões de vidro, enquanto lá fora o mundo todo chove
E continua a cair no fim dos tempos, num sopro cansado de
deus
Reformado, é fácil cair-se na facilidade da sombra,
No encosto de cabeça na perdição morna que esquece
A melanina nos cabelos, é difícil escrever à deriva no tempo
fechado,
Em abismos de esquecimento abertos como pernas de sonho,
Vai-se fazendo por ficar em alguém, que nos traga por cá
Por outros lados, que nos dê a boca e o tropeço do coração,
No inverno não há paciência para hastear bandeiras
humedecidas
Com o sal dos dias quentes, correm-se as cortinas em vez de
um poema
E lá fora tudo continua a escorrer frio como um sonho
viscoso nos olhos.
08-12-2106
Turku
João Bosco da Silva
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