A primeira vez em que não ganhei um prémio de poesia
Foi no meu 6ºano, por altura do São Valentim, fiquei em
segundo,
Perdi para o meu melhor amigo, as juízas foram as
professoras de EVT,
Uma hippie e uma filha de militar de alta patente, a razão
foi
Não ter feito referência a Camões na minha composição
poética,
Na verdade foi para dar exemplo, já que eu era um criminoso,
Eu e o resto dos rapazes da turma tínhamos um processo
disciplinar,
Todos, menos o vencedor do prémio, que depois da escola
Era levado directamente para casa, consta-se que espancamos
violentamente
Uma colega em frente a um café depois da aulas,
Vingança por o seu mau comportamento na aula de português
Ter levado a que uma ficha de preparação se tornasse num
teste de avaliação,
Muitas colegas choraram, não tinham estudado, não estavam
preparadas,
Lá se fez e correu bem, na verdade eu fui um ladrão que
ficou à porta,
Porque tive pena dela, também foi esse o argumento que me
ditou a sentença,
O ditado popular, no julgamento, disse que lhe tinha dado um
croquete,
Como fazia o professor de português do 5ºano, isto para não
ficar fora,
O que fiz foi pousar-lhe a palma da mão na cabeça e ao
sentir aquele cabelo
Quente senti uma grande amargura, por todos, pousei a mão
como quem
Absolvendo se condena, e fomos condenados a trabalhos
forçados,
Abrir buracos para o dia da árvore antes de almoçar, eu tive
que abrir dois
Porque o primeiro chegou ao cabo eléctrico de um candeeiro,
No segundo que tive que abrir, todos os criminosos como eu,
me ajudaram
E lá fomos comer, cheios de terra, fui destituído da função
de chefe de turma,
Fiquei em segundo no prémio de poesia, acabaram por me dar
cinco a EVT
E quatro a português, porque fui um ladrão que ficou à porta
E acabou por levar com uma sentença antes dos dez,
Deve ser por isto que até hoje nunca ganhei um prémio de
poesia.
Turku
02.01.2017
João Bosco da Silva
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