À beira do rio, com a biblioteca atrás e o Li Po em frente,
a passar como o rio,
Sem sede, seco como o papel pode ser seco, grupos de
gaivotas e de gente
À volta de lixo e do que será, tudo o mesmo adiado, uma
ilusão de utilidade
Neste universo sem guião ou manual, apesar da companhia do
poeta
Distante ao quadrado, saco um cigarro, acendo-o para não me
sentir tão só,
Para me aproximar uma pontinha do Sol com as minhas asas de
pau,
No meio daquela algazarra verde de asas e cio de primavera,
Fumo-o sem vontade, com uma amargura seca, estarei
ressacado,
Ou seria o rio que me levava tudo numa osmose invertida,
Acabo o cigarro, acabo o livro e das companhias que não
foram minhas
Sobram as latas vazias que mais tarde alguém irá recolher
Para comprar mais uns maços de tabaco e pagar a dívida à
biblioteca.
Turku
22.05.2017
João Bosco da Silva
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