Andorinhas e Detergente no Hipocampo
Onde será que se atrasaram as andorinhas, em que verões se
terão apaixonado
Apressadamente, antes que as primeiras tempestades de
setembro lhes
Desfaça o eterno amor de barro nos beirais esquecidos dos
dias de vento,
Para que chegam agora, já lentas, trazendo as catástrofes humanamente
naturais
Vindas dos excessos de história e outras saturações
civilizacionais,
Para onde espantam os tímidos bebedores de sangue que mal
vibram
No ar que o Sol já menos lento, se apressa em cobrir de
prata fria e sono,
Que segredos gritam, trazidos de verões que ainda vão a
meio, vidas que findam,
Há dez anos que ficaste num verão que só a música na sombra
de um dia quente
Me traz, porque alguém tinha esfregado o passeio em frente e
abri a janela para que a vida
Me entrasse finalmente dentro, lavada, o sol brilha só quando
se tem luz dentro,
A primavera chega e parte sem uma andorinha, a vida
encerra-se desvivida,
Só porque se acreditou que a vida um livro de vários
volumes, outro filme,
Noutro filme, os anos nunca se atrasam e há um Inverno que
não acabará.
Turku
João Bosco da Silva
27.07.2017
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