quinta-feira, 27 de julho de 2017

Andorinhas e Detergente no Hipocampo

Onde será que se atrasaram as andorinhas, em que verões se terão apaixonado
Apressadamente, antes que as primeiras tempestades de setembro lhes
Desfaça o eterno amor de barro nos beirais esquecidos dos dias de vento,
Para que chegam agora, já lentas, trazendo as catástrofes humanamente naturais
Vindas dos excessos de história e outras saturações civilizacionais,
Para onde espantam os tímidos bebedores de sangue que mal vibram
No ar que o Sol já menos lento, se apressa em cobrir de prata fria e sono,
Que segredos gritam, trazidos de verões que ainda vão a meio, vidas que findam,
Há dez anos que ficaste num verão que só a música na sombra de um dia quente
Me traz, porque alguém tinha esfregado o passeio em frente e abri a janela para que a vida
Me entrasse finalmente dentro, lavada, o sol brilha só quando se tem luz dentro,
A primavera chega e parte sem uma andorinha, a vida encerra-se desvivida,
Só porque se acreditou que a vida um livro de vários volumes, outro filme,
Noutro filme, os anos nunca se atrasam e há um Inverno que não acabará.

Turku

João Bosco da Silva


27.07.2017

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