Fodemos Como Lebres Num Incêndio
Parar num dia quente de Agosto com uma ressaca de semanas no regresso da cidade,
Numa casa de guarda-florestal em ruínas, duma floresta abandonada,
Beber água fresca contra todas as evidências de inferno, inspirar o ar puro
De monóxido de carbono intermitente, baixar as calças e mijar contra um cagalhão seco,
Rodeado por um cemitério de preservativos fossilizados, com promessas
De noites apressadas nos bancos de trás, num chão estrelado com papel higiénico
Com a marca de batom de dezenas de olhos de cu, eis o amor tuga,
Enquanto as moscas se pregam às nalgas quando não estão a dar a dar,
Meter à pressa quase como quem prova um sofoco, rápido, cuspir numa boca
Santa para os pais, para os filhos, para o amor bêbado num bar da aldeia,
Assim se faz o amor tuga, depois um cigarro ritual, um incêndio dentro do peito
Que se apaga com o fumo que se exala, nas nádegas onde se sacudiu a gaita
E o resto de todos os futuros perdidos, que ficam na casa de guarda florestal.
Turku
27/11/2017
João Bosco da Silva
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