sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Fodemos Como Lebres Num Incêndio 

Parar num dia quente de Agosto com uma ressaca de semanas no regresso da cidade, 
Numa casa de guarda-florestal em ruínas, duma floresta abandonada, 
Beber água fresca contra todas as evidências de inferno, inspirar o ar puro 
De monóxido de carbono intermitente, baixar as calças e mijar contra um cagalhão seco, 
Rodeado por um cemitério de preservativos fossilizados, com promessas 
De noites apressadas nos bancos de trás, num chão estrelado com papel higiénico 
Com a marca de batom de dezenas de olhos de cu, eis o amor tuga, 
Enquanto as moscas se pregam às nalgas quando não estão a dar a dar, 
Meter à pressa quase como quem prova um sofoco, rápido, cuspir numa boca 
Santa para os pais, para os filhos, para o amor bêbado num bar da aldeia, 
Assim se faz o amor tuga, depois um cigarro ritual, um incêndio dentro do peito 
Que se apaga com o fumo que se exala, nas nádegas onde se sacudiu a gaita 
E o resto de todos os futuros perdidos, que ficam na casa de guarda florestal. 

Turku 

27/11/2017

João Bosco da Silva

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