domingo, 7 de janeiro de 2018

Over And Out 

Agora que dormes no vazio, vais fazer o quê, 
Agora que já engoliste tudo, corações podres, 
Conas doentes, promessas como todas, vazias, 
Como te sentes cabrão, maior da tua terra, 
Que nem tua, nem um punhado de gente te aceita, 
Ouves mais uma música de sempre, pensas na lâmina, 
Achas ridículo, pensas que algo maior te levará, 
Mas nada, sempre nada, nem as palavras que 
Te tornam ridículo para os que fazem delas vida, 
Sempre pediste morte seu patinho feio, 
Sempre andaste a saltar em lagos podres, 
Com o sonho de juncos e lameiros e o teu avô 
A esculpir bois de cortiça e tu pequenino, 
Todos a foderem contigo, mesmo quando 
Tu tentavas chegar ao fim da garrafa para te mostrares  
Grande, grande merda, sempre, a lutar contra o sono azul, 
Agora vai-te foder, dorme com o desespero, 
Agora aguenta, espera pela má notícia enquanto 
Engoles os sapos infectados pela tua ilusão, 
As pernas fracas, os dedos arrastam-te até à praia, 
Nunca chegarás lá, deixa cair a caneta ridícula, 
Aquela bic azul com que escrevias poemas de amor 
Para o lixo, o lixo do teu coração imaculado, cabrão. 

Turku 

07.01.2018 

João Bosco da Silva 

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