Over And Out
Agora que dormes no vazio, vais fazer o quê,
Agora que já engoliste tudo, corações podres,
Conas doentes, promessas como todas, vazias,
Como te sentes cabrão, maior da tua terra,
Que nem tua, nem um punhado de gente te aceita,
Ouves mais uma música de sempre, pensas na lâmina,
Achas ridículo, pensas que algo maior te levará,
Mas nada, sempre nada, nem as palavras que
Te tornam ridículo para os que fazem delas vida,
Sempre pediste morte seu patinho feio,
Sempre andaste a saltar em lagos podres,
Com o sonho de juncos e lameiros e o teu avô
A esculpir bois de cortiça e tu pequenino,
Todos a foderem contigo, mesmo quando
Tu tentavas chegar ao fim da garrafa para te mostrares
Grande, grande merda, sempre, a lutar contra o sono azul,
Agora vai-te foder, dorme com o desespero,
Agora aguenta, espera pela má notícia enquanto
Engoles os sapos infectados pela tua ilusão,
As pernas fracas, os dedos arrastam-te até à praia,
Nunca chegarás lá, deixa cair a caneta ridícula,
Aquela bic azul com que escrevias poemas de amor
Para o lixo, o lixo do teu coração imaculado, cabrão.
Turku
07.01.2018
João Bosco da Silva
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