Dream Brother
Acho que deixei de te amar naquela vez em que depois do trabalho,
Fiquei dentro do carro, com a chauffage no máximo, a ouvir repetidamente
Dream Brother do Jeff Buckley, com a mesma vontade de ir para casa
Quanta a da neve descongelar em Fevereiro, ali no estacionamento,
Refugiado da evidência de uma ruína e tudo aquilo me soube a um bloco
De gelo amargo, plantado no estômago num dia de Sol,
Como dar-me conta que o castelo de areia, quando a água seca,
Não passa de um monte de areia, é apenas a ilusão breve que une
Aqueles grãos, até que seca, tu em casa, a seres tu, a mesma
Que me levava a vontade pela mão, como um garoto a mãe
Até à montra onde o brinquedo desejado, se soubesse que seria sempre assim,
Não arriscaria nem mais uma lágrima num sorriso,
Nem apostaria mais uma gota de esperma num olhar,
Por muito que as repitas, todas as músicas acabam em silêncio.
Turku
18.10.2018
João Bosco da Silva
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