segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Dream Brother 

Acho que deixei de te amar naquela vez em que depois do trabalho, 
Fiquei dentro do carro, com a chauffage no máximo, a ouvir repetidamente 
Dream Brother do Jeff Buckley, com a mesma vontade de ir para casa 
Quanta a da neve descongelar em Fevereiro, ali no estacionamento, 
Refugiado da evidência de uma ruína e tudo aquilo me soube a um bloco 
De gelo amargo, plantado no estômago num dia de Sol, 
Como dar-me conta que o castelo de areia, quando a água seca, 
Não passa de um monte de areia, é apenas a ilusão breve que une 
Aqueles grãos, até que seca, tu em casa, a seres tu, a mesma 
Que me levava a vontade pela mão, como um garoto a mãe 
Até à montra onde o brinquedo desejado, se soubesse que seria sempre assim, 
Não arriscaria nem mais uma lágrima num sorriso, 
Nem apostaria mais uma gota de esperma num olhar, 
Por muito que as repitas, todas as músicas acabam em silêncio. 

Turku 

18.10.2018 

João Bosco da Silva

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