Futuro Presente
Onde terá ficado o futuro que nos vendiam nas tardes de sábado,
Que roubávamos em CDs virgens, criminosos a dobrar,
Que líamos às escondidas em dias de trovoada,
Com as pilhas roubadas a um relógio nunca certo,
Aquele futuro nada parecido a este presente constante,
Se algo se perdeu, foi saber como se pintam os joelhos de verde,
Ou como deixar crescer a unhas para plantar inocência na sujidade,
Naquelas tardes, ligados a uma fraca resolução,
Sem qualquer vontade de sair e espalhar desilusões em vontades alheias,
Tudo no seu devido lugar, preparados para levar um dia de cada vez,
Até que o futuro chegue, luminoso, Novembro continua cinzento,
Algum néon que anuncie, só mesmo lavagem de carros à mão,
Ou um motel barato onde se enterram as unhas limpas
Na sujidade escondida de alguém que nada no futuro,
Continua-se a morrer com gripes, num mundo tão velho
Como o cadáver das infâncias, continua-se a parir como se tivéssemos
Alguma importância, é certo que as pedras nos sobreviverão,
Pouco mais restará do nosso presente constante,
Qual futuro, ninguém caberá nas distopias que andamos a semear.
16.11.2018
Turku
João Bosco da Silva
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