sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Futuro Presente 

Onde terá ficado o futuro que nos vendiam nas tardes de sábado, 
Que roubávamos em CDs virgens, criminosos a dobrar, 
Que líamos às escondidas em dias de trovoada, 
Com as pilhas roubadas a um relógio nunca certo, 
Aquele futuro nada parecido a este presente constante, 
Se algo se perdeu, foi saber como se pintam os joelhos de verde, 
Ou como deixar crescer a unhas para plantar inocência na sujidade, 
Naquelas tardes, ligados a uma fraca resolução, 
Sem qualquer vontade de sair e espalhar desilusões em vontades alheias, 
Tudo no seu devido lugar, preparados para levar um dia de cada vez, 
Até que o futuro chegue, luminoso, Novembro continua cinzento, 
Algum néon que anuncie, só mesmo lavagem de carros à mão, 
Ou um motel barato onde se enterram as unhas limpas 
Na sujidade escondida de alguém que nada no futuro, 
Continua-se a morrer com gripes, num mundo tão velho 
Como o cadáver das infâncias, continua-se a parir como se tivéssemos 
Alguma importância, é certo que as pedras nos sobreviverão, 
Pouco mais restará do nosso presente constante, 
Qual futuro, ninguém caberá nas distopias que andamos a semear. 

16.11.2018 

Turku 

João Bosco da Silva

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