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Amarelo agora
o que dourado -
Outono.
Como um marcador
a um livro
assim nos conhecem.
Cansaram-se
as folhas -
na carne fome ainda.
Que sabe a carne
da luz
que deseja.
Apodrecem esmeraldas
a nu fica
o que permanece.
Um passo sem chegar
já é sair
do sítio.
Encher as páginas
de vazio -
impossível?
Quantos eus perdi
por ter sido
quem fui.
Ler Bolaño lembra-me
da vida que perdi
por esta.
Que pretende o vento
contra o vazio -
Novembro.
O vizinho fuma
mais um cigarro -
cai a última folha.
Cinzento e triste
o dançar nu
das árvores.
Todo o amor
tem a natureza
do vinho.
Não há beijo
que não
se apague.
Como tudo eterno
uma frágil
bolha de sabão.
Basta um tropeço
para se cair
no Inverno.
Árvores de Novembro
sempre estranhos
desesperos.
Nada pior
que acordar
quando acordado.
Cheira à cor do incêndio
na manhã seguinte
o teu olhar.
Na Ânfora
a mortalha apodrecida
dos meus sonhos.
Onde ficou a luz
do verão -
janelas molhadas.
Mais rápido seca
a roupa
que os olhos.
Ninguém parte
na verdade -
tudo deixa de ser.
As borboletas
ignoradas no verão -
folhas que caem.
Sem uvas nos pés
o ano acaba
em Agosto.
Nasce no Verão
oque agora
arrefece.
Não queiras acender
o fósforo
queimado.
Escurece o dia
frio
fim da infância.
Cheira a Maio
em Setembro
nos teus braços.
Como um figo aberto
a doçura
dos teus lábios.
Cabe um verão
em três
canções.
Nenhuma cama
pequena
quando amor.
Nunca tocarei
a ilusão
que me resta.
Turku, Setembro-Dezembro 2018
João Bosco da Silva
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