quinta-feira, 7 de maio de 2020


Outro Rimbaud

Entre Harar e Áden, um poeta esquecido de si mesmo tenta arranjar fortuna
Para um esquecimento seguro, atravessando desertos com armas obsoletas
No seu próprio país, não versos, o sonho do mar acabou no Sol,
Ele era um outro, a sua pele endurecida pela canícula interminável,
Nem mais um poema, listas de compras, cartas repetitivas e aborrecidíssimas,
Pedindo isto e aquilo a uma mãe em sofrimento, e que está tanto calor,
Que outros tráficos não terão sido mencionados, que nome o daquela abissínia,
Contudo, a Itália foi repelida, Remington escreveu na carne, Manelique vence,
À custa de uns elefantes etc., quantas Marias Teresas vale o fóssil de um poeta,
Andarilho, sempre, descontente sempre, o poeta, não precisa do poema
Para o ser, basta a vontade abismal de distância e eternidade.

07.05.2020

Turku

João Bosco da Silva

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