Outro Rimbaud
Entre Harar e Áden, um poeta esquecido de si mesmo tenta
arranjar fortuna
Para um esquecimento seguro, atravessando desertos com armas
obsoletas
No seu próprio país, não versos, o sonho do mar acabou no Sol,
Ele era um outro, a sua pele endurecida pela canícula
interminável,
Nem mais um poema, listas de compras, cartas repetitivas e
aborrecidíssimas,
Pedindo isto e aquilo a uma mãe em sofrimento, e que está
tanto calor,
Que outros tráficos não terão sido mencionados, que nome o
daquela abissínia,
Contudo, a Itália foi repelida, Remington escreveu na
carne, Manelique vence,
À custa de uns elefantes etc., quantas Marias Teresas vale o
fóssil de um poeta,
Andarilho, sempre, descontente sempre, o poeta, não precisa
do poema
Para o ser, basta a vontade abismal de distância e
eternidade.
07.05.2020
Turku
João Bosco da Silva
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