quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Summertime Sadness


Estas moscas de fim de verão, à volta de um saco de recordações 

Apodrecidas, fruta que fermentou em melancolia, 

Incomodam como os amores perdidos que nos visitam a solidão, 

Abrindo-nos mais os olhos ao abismo que separa tudo o que fomos, 

Em quem fomos, o sol arrefece os dias antes de incendiar o horizonte, 

As moscas num cansaço inquieto, escrevem no ar tudo o que ficou por fazer, 

Que foi tudo o que realmente valia a pena, agora esperam, 

Que não haja mais folhas nas árvores e sorrisos em lábios quentes, 

Estas moscas de fim de verão, como os bêbados solitários no fim do arraial, 

 À espera que o primeiro tasco abra, para agarrar mais um dia, sem vontade. 

 

 

27.08.2020 

 

Turku 

 

João Bosco da Silva


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