sexta-feira, 9 de outubro de 2020

 

Aquela Puta Grega

 

Nunca me fingiu um orgasmo, a sinceridade é como um outono que não acaba,

Agora dorme, se calhar, enquanto bebo mais um Campari com sumo de laranja,

O Hemingway espera numa capa vermelha de 1958, não sei porque esperei tanto

Pelos meus dezasseis anos, não sei porque não vivi mais os meus únicos dezasseis anos,

A amiga da minha irmã com as pernas abertas na cama do meu avô bêbado morto,

Agora ambos a olhar os meus dedos a tirar da cova mais uma mão de terra em direção

Ao inferno, nos pêlos do meu mento a sua excitação viscosa e adolescente,

E todas dormem de certeza, a não ser que um filho acorde, um marido bêbado

Regresse com os dedos azedos e um hálito vermelho, ou já esteja a ressonar

Há horas depois do último jogo de futebol ou de outra merda qualquer

Que iluda como mais um orgasmo, não os nossos, esses estão garantidos

Até nos sonhos, trocamos só a roupa interior, o hálito o mesmo,

Nunca me fingiu um orgasmo, mesmo assim, diz que tenho um caralho perfeito,

Contudo engulo um pouco mais de vitamina c e ecos de escaravelho,

E choro, ressono, bato a porta com força sem querer e sonharei com aquela puta grega.

 

Turku

 

09.10.2020

 

João Bosco da Silva

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