Coprocultura
No bolso do casaco, dentro de um frasco selado, com o meu
nome
E o número de identificação pessoal, um pedaço de merda,
Quando foi feita a colheita, pergunta-me a técnica,
Há uns minutos, ainda estava quente, ainda era eu,
Mais do que um cabelo que acaba de se soltar do couro,
Naquele pedaço de cagalhão, tentarão encontrar a razão
Para as constantes crateras ardentes nas paredes do meu estômago,
Poderei agora voltar a acalmar os geysers de ácido
Um comprimido amarelo de cada vez, não ajudam as longas
Horas de trapezismo, tentando equilibrar vidas alheias
Em agulhas, a acidez do sangue com aspiradores de duas
pressões,
Acrescentar a cada empurrão de êmbolo vida, aliviando ao
mesmo
Tempo a dor dessa vida de trapézio, o ácido aumenta
E o mediastino acende-se numa dor ao lado do coração,
Distante de tudo o mais, o calor do verão impossível, os
amores esquecidos,
Os amigos vizinhos da infância, o Sol limpo do futuro,
manhãs puras,
E o ano que passa, dentro de um frasco selado, ainda quente,
um pedaço de merda.
31.12.2020
Turku
João Bosco da Silva
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