Glória
Ainda crescerão as rosas como se quem as plantou nunca tenha
sido,
O senhor Zé, que sempre me convidava à adega, para partilhar
comigo
O seu tesouro, guardado numa ruína escura e poeirenta, onde
adivinhava
Teias de aranha e promessas de cirrose como a do avô morto,
Pena nunca ter tido idade para lhe agradecer sem o não
atrás,
Engolir com gosto a zurrapa sagrada daquelas pipas humildes,
Sentir esgaçar a alma esôfago abaixo, até cair no estômago
Como um consolo doloroso ou uma doçura triste, o que resta
de nós,
Quando só as rosas persistem contra uns muros cariados,
Apontando janelas abertas a céus arruinados e cinzentos,
Estamos aqui e já não estamos, ficamos espalhados por
memórias
Inesperadas, uns vasos com flores em cima de um tanque que
ninguém usa.
29.12.2020
Turku
João Bosco da Silva
Lindo poema!Adorei ler. Parabéns
ResponderEliminarLindo poema! Adorei ler.
ResponderEliminarExcelente 2021.
Lindo poema! Adorei ler.
ResponderEliminarExcelente 2021.