segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

 


A Evidência da Inelutabilidade

 

O relógio caminha para as quatro da manhã e exausto,

Pálido como o pior Inverno, tento resgatar-te do vazio,

Um poema de cada vez, e a cada palavra sinto a dor

De quem se afasta a cada braçada em direção à salvação,

Desculpa não ter conseguido encontrar o génio que sonhamos,

Pensei que por esta altura já seria um necromante treinado,

Mas acabei por me tornar apenas numa carpideira sem mestria,

Contudo, enquanto o ácido que me corrói o estômago,

Com uma saudade que dói como uma fome eterna,

Rasgando em dor a madrugada mais escura,

Tento salvar o que ainda de ti vive em mim.

 

11.01.2021

 

Turku

 

João Bosco da Silva

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