domingo, 5 de setembro de 2021

 


Agosto

 

Nada se compara à melancólica luz dourada ao fim da tarde do último dia de Agosto

À beira do rio, silencioso, ecoando ainda na memória a voz dos emigrantes que já partiram

E eu permaneço, pelo menos para já, nas lojas cheias de cadernos e lápis,

Anuncia-se o início que sela o fim de uma liberdade real e quente,

Sempre vivi melhor em Agosto, sempre foi mais fácil apaixonar-me em Agosto,

Talvez porque já o ame, incondicionalmente, apesar do excesso de música pimba,

Das canículas incapacitantes e do meu mau francês, o fim de Agosto era como imaginava

Que a morte fosse, antes de a ver frouxar o aperto daquela mão, nada se compara

À melancólica luz dourada ao fim da tarde do último dia de Agosto à beira de um rio,

Tal como será, quando já todos formos uma partida sem regresso.

 

Cidões

 

31.08.2021

 

João Bosco da Silva

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