Agosto
Nada se compara à melancólica luz dourada ao fim da tarde do
último dia de Agosto
À beira do rio, silencioso, ecoando ainda na memória a voz
dos emigrantes que já partiram
E eu permaneço, pelo menos para já, nas lojas cheias de
cadernos e lápis,
Anuncia-se o início que sela o fim de uma liberdade real e
quente,
Sempre vivi melhor em Agosto, sempre foi mais fácil
apaixonar-me em Agosto,
Talvez porque já o ame, incondicionalmente, apesar do
excesso de música pimba,
Das canículas incapacitantes e do meu mau francês, o fim de
Agosto era como imaginava
Que a morte fosse, antes de a ver frouxar o aperto daquela
mão, nada se compara
À melancólica luz dourada ao fim da tarde do último dia de
Agosto à beira de um rio,
Tal como será, quando já todos formos uma partida sem
regresso.
Cidões
31.08.2021
João Bosco da Silva
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