Batatas Cozidas com Casca
Depois do trabalho, gosto de sentir o ar gelado
No meu rosto ainda quente, na vizinhança,
Alguém coze batatas, com casca, aquele cheiro,
Aconchegante nos quinze graus negativos,
Leva-me a casa, à casa de verdade, lembra-me
De um filme húngaro, uma ventania a preto e branco,
Do colapso de Nietzsche, batatas cozidas com casca,
A simplicidade dura e reconfortante de estar vivo,
Num dia que acaba frio e vazio, como se a eternidade
A inercia afiada deste silêncio sem vento, na periferia
De uma cidade cada vez mais estrangeira,
Quem me dera regressar a casa e ter, ao menos,
A certeza de uma panela de batatas cozidas com casca.
Turku
05.01.2023
João Bosco da Silva
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