domingo, 14 de novembro de 2010



Partida


Que dirias tu Bukowski, ao ver-me chorar quando ela parte?

Bebe uma cerveja e deixa que já choras, à noite,

Quando tiveres um tesão irracional por causa das ancas

Com quem te foste cruzando pelo dia fora.

Do que valem umas pupilas sempre dilatadas

Que penetram pela vontade da tua penetração,

Se no fim não existe um suspiro sincero que venha do peito?

Só a humidade entre as pernas murmura

E gritos exagerados de quem é pago com carne dentro.

O braço esquerdo dói e deviam ser lágrimas,

As que se engoliram, tantas em jorros quentes

Entre dentes brancos e mentirosos de sorrisos imaginários.

Abre-se a mão há tanto tempo fechada e afinal estava vazia.



12.10.2010


Londres


João Bosco da Silva

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