Bolsos Cheios de Seixos e Merda
Também é verdade que fui uma besta, engoli a hóstia
Quando convinha e tinha a alma limpa do Tide,
Batia punhetas atrás da antena da televisão que tinham
instalado
Na escola primária, hoje em dia é uma moradia,
Cortaram as mimosas, não há ilusões de ascensão,
A estas horas todos tiveram que baptizar inocentes
Por causa de um pecado que ninguém cometeu,
Muitos foram os outros, tive gosto em tantos,
Aqueles em que entrava, me despedaçava todo,
Depois apanhavam um autocarro, diziam-se apaixonadas,
Eu fingia que os tomates vazios eram tudo,
Não eram, bem me lembro das rãs na primavera,
Da proximidade da ponte romana, aquele granito
Sempre me pareceu quente, mesmo tocando-o
Com dedos ébrios em Dezembro, ou de madrugada,
Antes do Sol ser a promessa de mais um aborrecimento,
Esta vida é uma confusão tamanha, meu amigo,
Ainda cá andamos perdidos, todos, mais aqueles
Que cheios de certezas e bolsos cheios de seixos e merda.
06.01.2022
Turku
João Bosco da Silva
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