O Poeta Pouco Finge
Eu não vivo na diáspora, eu sou a diáspora,
Eu apago-me para que não sejam tão difíceis
As vozes dentro do vazio deste apartamento,
Para que os olhos fechados não doam tanto,
Para que os sonhos não me tragam tanta ruína,
Eu não vivo na diáspora, eu sou o frio que cristaliza
As lágrimas e traz a neve aos dias escuros,
Eu sou o medo das geadas longínquas
Que obrigam às vindimas antes das uvas passas,
Eu sou aquele amigo que partiu, mas continua vivo,
Aquele que morreu e ainda respira,
Aquele idiota que ainda se julga poeta,
Anos depois do professor de português se ter reformado.
06/01/2022
Turku
João Bosco da Silva
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