domingo, 24 de janeiro de 2010


S

Como um copo de vinho apressado,
Contra o estômago vazio de gente.
Fome de gente quando a casa deixa de estar só.
Fome de mim e dos outros que me povoam.
Como um baque seco de alguém que morre subitamente
Contra o pó vazio que se levanta.
Fome de presença na presença.
Fome de ignorar os segundos que o relógio come.
Como uma presença vazia
Contra a nossa existência vaga.
Fome de não ter que lembrar porque presente.
Como um amigo que se inverte
Contra a nossa vontade impotente.

Sei que passa.
Sei que é pela presença da ausência.
Sei que é por estar condenado a mim,
Como o esquecimento de mim
Contra tudo o que aparentemente construo.

22.12.2009

Savonlinna

João Bosco da Silva

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